A riqueza cultural do Nordeste

O que seria da música brasileira se não fosse o Nordeste? Desde os primórdios da música popular nacional, a nossa região se destaca. Desde Luiz Gonzaga, a Pitty, grandes nomes fizeram diferença trazendo originalidade, autenticidade e brasilidade a nossa música. Fomos o berço da tropicália com Caetano e Gil, demos nossa contribuição ao Rock com Raul Seixas. Compositores como Djavan, Fagner, Belchior, Alceu Valença. Grandes intérpretes como Maria Bethânia, Gal Costa, Elba Ramalho, Alcione, entre outros vários exemplos de pessoas que fazem música boa e atemporal.

Ao contrário do que a grande mídia passa para o resto do país, a música nordestina não está restrita apenas aos gêneros regionais. Temos uma riqueza de variedades e artistas que se destacam fazendo misturas de vários ritmos. Nos últimos anos tem surgido uma nova geração de artistas que se destacam fazendo misturas de vários ritmos. Nos últimos anos tem surgido uma nova geração de artistas que estão inovando nos trazendo uma música criativa e inspirada. Apresento aqui três bons exemplos.

The Baggios


A Banda Sergipana composta por Julio Andrade (guitarra e voz) e Gabriel Carvalho (bateria) foi formada em 2004 na cidade de São Cristóvão. Com dois álbuns lançados, eles fazem um rock com influências do soul e do blues e captam muito bem a atmosfera nordestina, em um som um tanto caótico e muito intenso que soa árido e quente. O último lançamento, Sina (2013), traz essas características muito nítidas, em uma mistura de sons bastante rica e letras que representam bem a nossa cultura com expressões do cotidiano, além de manterem o sotaque, dando um toque de autenticidade. A dupla é bastante elogiada pela crítica e tem ganhado destaque no cenário nacional. No dia 12 de março, eles fizeram um excelente show no festival lollapalooza. Algumas das principais músicas da banda são Aqui Vou Eu, Salomé Me Disse, Blues do Aperreio.

Johnny Hooker


Pernambucano de 26 anos, o cantor já é conhecido na cena independente de Recife e tem quatro álbuns lançados, mas o último, lançado no ano passado (Eu vou fazer uma macumba pra te amarrar maldito!), foi o que alcançou projeção nacional ao emplacar a música “Alma sebosa” na novela Geração Brasil em 2014. Johnny Hooker, apresenta uma personalidade andrógena e bastante performática, com influências declaradas de David Bowie, Madonna, Caetano Veloso e sendo comparado a Ney Matogrosso. Sua interpretação é visceral, suas músicas apresentam uma diversidade de gêneros que vão do brega ao samba, passando pelo rock, pelo blues e influência marcante do candomblé. Toda essa mistura faz dele um dos artistas de maior personalidade atualmente. Além de alma sebosa, em seu mais recente álbum também se destaca a canção “volta” que foi trilha do filme “Tatuagem” e regravada por Fafá de Belém.

Karina Buhr


A cantora, compositora e atriz baiana começou sua carreira em 1992 na cidade de Recife, no maracatu, mas seu primeiro álbum solo, “Eu menti pra você” veio em 2010. De lá pra cá ela lançou mais dois, sendo o último, “Selvática”, do ano passado. Nele, Karina se mostra engajada, contundente em suas posições políticas, apresentando um manifesto a favor do feminismo, em músicas como “Eu Sou Um Monstro”, e outros temas sociais como racismo, crise política, especulação imobiliária, corrupção e criminalidade, todos discutidos de forma acessível e com certa agressividade, envoltos em uma sonoridade bastante marcada pelo rock, mas também com fortes presenças do brega e do cancioneiro nordestino que já acompanham a Artista desde seus trabalhos anteriores e que dão o tom certo para mostrar a força de cada composição.