Autismo, muito prazer!

O amor que une o Grupo Autismo Itabaiana era um sonho. Agora, uma realidade.

Tudo começou com um profundo sentimento de angústia de uma mãe, Roberta Ramos, por vivenciar julgamentos equivocados sobre o seu filho, M.F.R.,  que apresenta diagnóstico de TEA. A partir desse fato, surgiu a ideia de abrir as portas de sua casa para reunir vizinhos, amigos e familiares, a fim de prestar esclarecimentos sobre o autismo e, consequentemente, para que tais pessoas, do convívio mais próximo com a criança, pudessem compreender comportamentos advindos desse transtorno. Com isso, aconteceria o objetivo maior dessa primeira ação isolada de Roberta Ramos: criar as condições necessárias e espaços para a inclusão espontânea de seu filho e, por extensão, de toda e qualquer criança que, porventura, recebessem o diagnóstico e pertencessem ao círculo social de seus amigos, vizinhos e familiares. Foi imprescindível estender a ação para os amiguinhos de seu filho, já que eles não entendiam o porquê de alguns comportamentos, o que resultava em chamá-lo, em alguns momentos, de “nervosinho”.No último dia 1º de setembro, a convite do Grupo Autismo Itabaiana, criado por algumas mães de crianças com diagnóstico de TEA (Transtorno do Espectro Autista), proferi palestra no encontro de mães e professores, a fim de tratar sobre questões relevantes no processo ensino-aprendizagem de autistas. Esse evento me permitiu adentrar um pouco no processo de criação do grupo. Foi uma experiência ímpar conhecer sua história, pois o Grupo Autismo Itabaiana é, hoje, em nosso município, um belo e grandioso exemplo de superação em relação ao preconceito que marca muito as relações sociais de crianças e adolescentes com diagnóstico de TEA, desde seu convívio familiar ao convívio escolar e social.

Dado esse primeiro grande passo, Roberta R. juntamente com outras mães de autista decidiram sair da sala da casa e levar informação e esclarecimentos sobre o TEA para outros espaços sociais. Promoveram, então, um encontro no Dia Mundial de Conscientização do Autismo, 02 de abril de 2017, no Shopping Peixoto. A partir de então, o Grupo Autismo Itabaiana não para de promover eventos com este fim. No encontro realizado em setembro, fui convidada para falar para mães de autistas e para professores, pois a preocupação das mães é também alcançar o público de professoras e professores e mostrar-lhes caminhos para um ensino aprendizagem eficaz e saudável, desprovido de possíveis traumas e, principalmente, que respeite a zona de desenvolvimento proximal dos aprendentes com diagnostico de TEA. Nessa palestra, foi possível perceber a sede das mães em adquirir conhecimentos para ajudarem seus filhos no que se refere ao contexto escolar, pois participaram ativamente, através de perguntas ou tirando dúvidas. Foi realmente um momento muito proveitoso e produtivo.

Convém destacar que a presença de um psicopedagogo na pauta de encontros do Grupo Autismo Itabaiana demonstra o grau de informatividade, conscientização e proatividade das mães, além de evidenciar a capacidade de compreensão da importância de um apoio multiprofissional para o sujeito autista. Nesse contexto, cabe salientar que o trabalho do psicopedagogo no processo ensino-aprendizagem é indispensável para orientar a família e a comunidade escolar sobre como lidar com o sujeito que está dentro do espectro, sendo necessário, em alguns casos, adaptar o material escolar, em outros, modificá-lo, para que o aprendente consiga superar, a cada dia, as dificuldades encontradas. E isso só se torna possível com o acompanhamento constante de um profissional da psicopedagogia.