Destaques do mês

Silva - Brasileiro

O quinto álbum do cantor e compositor capixaba vem após mais de um ano de excursão com a turnê Silva canta Marisa, um tempo que proporcionou maturidade e uma ampliação dos seus horizontes musicais. “Brasileiro” é um reencontro de Silva com a essência da música popular nacional, o violão é o instrumento com maior destaque e a sonoridade bebe na fonte de grandes nomes da mpb como Caetano Veloso, Gilberto Gil, e Clube da Esquina. O álbum é bastante positivo, com um clima solar e uma visão otimista sobre o Brasil, em contraste com o pessimismo e a atmosfera pesada em que estamos vivendo atualmente. É o caso da contagiante “A Cor é rosa”, primeiro Single do álbum. Destaca-se também a parceria com Anitta em “Fica tudo bem” e “Caju” que tem uma das melodias mais bonitas da obra. Brasileiro é um disco que preza pela simplicidade e é na simplicidade que ele desperta os melhores sentimentos no ouvinte e mostra uma evolução na carreira de Silva.

Elza Soares - Deus é Mulher

Depois de estremecer o cenário musical com “A Mulher do Fim do Mundo” (2015), Elza Soares volta mais uma vez com um álbum encantador e arrebatador. Deus é mulher não repete os feitos de seu antecessor, mas sim traz uma evolução, uma proposta ainda mais contundente e forte. Com uma sonoridade baseada no rock e a participação da percussão das Mulheres do Ilú Obá de Min, o disco traz reflexões sobre as questões que permeiam o Brasil de hoje, mas principalmente é uma manifestação da força feminina, algo que só poderia ser feito com o poder da voz e da história de mais de 80 anos de Elza. A abertura com “O que se Cala” deixa claro o objetivo de dar voz a todos que são obrigados a se calar “O meu país é meu lugar de fala”. “Exu nas escolas” fala da falta de liberdade religiosa no ensino e ataca políticas que reforçam essa censura como a escola sem partido. O tema religioso ainda está presente em “Credo”, um combate ao fanatismo. Faixas como “Banho”, colaboração de Tulipa Ruiz, “Eu quero comer você” falam sobre feminilidade, liberdade sexual, empoderamento sobre os corpos femininos. “Dentro de Cada Um” reflete sobre união de homens e mulheres numa luta por igualdade e justiça social. O álbum arremata com “Deus Há de Ser” de Pedro Luís que traz versos perfeitos para concluir uma obra tão forte e provocadora e reveladora da potência feminina. “Deus é Mãe”.