Visão

“Não quero faca, nem queijo. Quero a fome.”

Adélia Prado

Tenho muita pena das pessoas que não têm visão, que não avistam um pouco além do seu próprio nariz e não enxergam por não anteverem a transcendente realidade do mundo. Pessoas que não tomam atitudes proativas, não percebem que tudo está em constante mutação e, sobretudo, são preguiçosas, copiadoras, só trilham caminhos já percorridos, não traçam seus próprios caminhares, só pensam na faca e no queijo. Mal sabem que a faça e o queijo só têm valor se para saciarem uma necessidade: a fome. Se não houver a fome, que é a falta, a faca e o queijo são totalmente dispensáveis. Aliás, quando se tem fome não se precisa de faca, come-se o queijo de qualquer jeito, quebrando-o com as unhas, com os dedos, com uma pedra, com um pau, com os dentes ou qualquer outro meio ao alcance. Nesse caso, o indolente é capaz de ficar olhando para o queijo e dizer: como posso comer se não tenho uma faca para cortá-lo? É sempre assim. O sem visão faz questão de não perceber que há outra possibilidade, a de que o que realmente importa não é o bem, a posse, o dinheiro, os milhões.

A vida não lhe paga pelo que você sabe, ela lhe retribui por aquilo que você faz com o que sabe. Na verdade, o que importa mesmo é a precisão, a necessidade, inclusive, Platão já dizia, há mais de dois mil anos: “a necessidade é a mãe da invenção”. Então, o que conta mesmo é satisfazer essa necessidade inventando algo diferente e que dê prazer. Comer queijo cortando com uma faca todo mundo faz, mas é agindo diferente que se inventa, inova, engrandece e desenvolve o mundo. Os repetidores e copiadores serão sempre os segundos, os terceiros ou os últimos lugares. Nunca subirão ao degrau mais alto do pódio. Pense nisso!