Bullying não é brincadeira!!!

Bullying não é uma brincadeira infantil, simples e inocente. É um ato que interfere no processo de ensino-aprendizagem, trazendo consequências negativas, por vezes, desastrosas para os envolvidos: vítima e agressor.

Palavra de origem inglesa, bullying (bully: valentão) é o ato caracterizado pela violência física e/ou psicológica, de forma intencional e continuada, que um indivíduo comete, sem motivo claro, contra outro. O agressor escolhe uma vítima por algo que a diferencie das outras pessoas, atribuindo-lhe apelidos que a ridiculariza, somando-se a isso humilhações e ameaças. Continuamente ele intimida e agride moralmente ou fisicamente. Já a vítima pode reagir simplesmente com descaso ou passar a sofrer com isso. Quando a agressão atinge o indivíduo de forma a deixá-lo incomodado, em hipótese alguma tal atitude deve ser vista como uma “simples brincadeira”. Nesse caso, deve-se ser encarada sim como uma grande agressão.

O indivíduo que pratica o bullying o faz com o intuito de tornar-se mais popular, sentir-se mais poderoso e superior aos demais colegas. A prática do bullying traz prejuízos sérios para o processo de aprendizagem dos sujeitos envolvidos: vítima, agressor e espectador. As vítimas podem passar a ter baixo desempenho escolar, queda no rendimento, déficit de concentração. Além disso, persistem ou recusam-se a ir à escola, trocam de colégios com frequência e, em alguns casos, acabam abandonando os estudos. O agressor também sai prejudicado, pois sua atenção está voltada para sua vítima e tal comportamento pode vitimá-lo no futuro, devido a sua conduta, não raro, abusiva. Já o espectador, seja ele ativo ou passivo, acaba envolvendo-se emocionalmente e, por isso, desvia sua atenção do que realmente importa no contexto escolar.
Ainda é possível ouvir-se questionar: como o bullying pode causar problemas de aprendizagem? A resposta é simples: porque passa a interferir nas dimensões cognitiva, simbólica, orgânica e corporal, provocando uma desarmonia. Segundo Fernandez, para que a aprendizagem ocorra é fundamental que esses quatro níveis entrem em ação: organismo, corpo, inteligência e desejo. Com isso, é de suma importância que a escola e a família fiquem atentas a toda e qualquer mudança que a vítima possa apresentar. Alguns sinais podem ser observados como: irritabilidade, enurese noturna, isolamento social, atos deliberados de autoagressão, insônia, relatos de medos constantes, aversão à escola e, em casos mais severos, tentativas de suicídio.

Nesse contexto, a psicopedagogia institucional tem um papel fundamental, pois visa a desenvolver um trabalho de intervenção com os envolvidos no bullying, assim como com a comunidade escolar e com a família, a fim de sensibilizá-las sobre a importância da ação psicopedagógica, já que esta contribui para prevenção e/ou diminuição da dificuldade de aprendizagem, de modo a favorecer um ambiente educacional saudável que não estimule bloqueio ou limitação no processo de aprendizagem do sujeito.
Portanto, bullying não é uma brincadeira, nem divertimento, porque fere, machuca e prejudica o desempenho do sujeito na vida escolar e social, e isso não é nada, nada divertido!