A NOSSA EDUCAÇÃO VAI MUITO BEM, OBRIGADO

Somos nós quem não queremos ver

Tenho a honra e o prazer de fazer parte de um seleto grupo de professores, escritores, educadores e estudantes de Sergipe que, já há alguns anos, vêm se empenhando muito em fazer com que todos nós sergipanos leiamos mais e, também, escrevamos mais. O esforço tem sido suficientemente grande e prazeroso. Temos procurado, dentro dos nossos limites, fazer o que nos permite a nossa boa vontade e comprometimento com a missão “semeadora” desta ideia. Já chegamos a algumas conclusões muito boas, como, por exemplo, a de que é possível sim transformar para melhor aquilo que já era e é muito bom. 

Os nossos “aprendentes” sergipanos estão, de fato, querendo muito o conhecimento, e os nossos “ensinantes” (professores/educadores) são os melhores e também estão querendo e fazendo os seus melhores. Porém, esta verdade é muito negligenciada e pouco dita. O que percebemos é que há, não sabemos a quem interessa, esta política de “desvalidação” do esforço dos nossos operadores, transmissores e também dos receptores do conhecimento. É claro que esta maldade é feita involuntariamente, fazemos porque é mais fácil falar mal do que elogiar. Assim, até sem perceber o grande mal que às vezes estamos cometendo, falamos bobagens como esta: “Ah! Ninguém quer nada mesmo! Na verdade, o governo finge que paga, o professor finge que ensina e o aluno finge que aprende, e dá tudo certo ao final”. Pense! Uma afirmativa destas repetida tanta vezes vira verdade e cria cultura, a cultura da “baixa autoestima”. Quanta maldade!

Se olharmos com boa vontade vamos perceber exatamente o contrário: os nossos alunos/estudantes/professores/educadores, de uma forma geral, mas sobretudo da nossa escola pública, estão sempre procurando os seus melhores. Mas escutar estas maledicências é sem dúvida desestimulante. Estas alocuções que, infelizmente, como mensagens subliminares, transformam-se em verdades, no nosso preguiçoso modo de pensar a nossa realidade, em nada contribui para o nosso desenvolvimento. Não! Estas afirmativas não condizem com a verdade. Sabemos que muito ainda há por ser feito, isso é um fato. Mas a realidade não é também aquelas profecias do absurdo, são bem melhores, acreditem. 

Todos estão com muita boa vontade de fazer mais e melhor, desde os gestores do governo, passando pelas políticas educacionais, escolas, públicas e particulares, gestores escolares, professores e, sobretudo, os estudantes. Temos que mudar esta história. Devemos modificar nossos paradigmas para enxergarmos mais o que de bom está sendo feito e, se possível, combater com argumentos fortes o que de mal miseravelmente ainda existe e, sem dúvidas, existirá. Faz parte.

Falo com um pouco de autoridade pelo que tenho visto nestes últimos anos. Tenho frequentado muitas escolas, em média 60 a 70 escolas por ano, temos também conversado com muitos professores/educadores e alunos/estudantes. Podemos assegurar, com toda certeza, que o padrão é outro. Só que dele pouco estamos falando. Vamos olhar para o outro lado? Vamos validar mais do que criticar? Vamos contribuir com a autoestima dos nossos educadores e educandos? Pois sabemos, imagino, ser a educação a única saída para ultrapassarmos o fosso lamacento em que nos encontramos. Afinal, tudo o que temos de bom, e sobretudo de ruim, hoje é fruto da educação ou da falta de educação. O que queremos para o futuro? A escolha é de todos nós. Necessário se faz, portanto, que façamos a nossa parte. Vamos pensar?

“Somente a Educação pode salvar o mundo”

*Cláudio Naranjo, psiquiatra chileno, indicado ao Prêmio Nobel da paz de 2015.