Os destaques do mês

Kendrick Lamar - DAMN.

Um dos discos mais aguardados deste primeiro semestre, DAMN foi uma obra milimetricamente pensada por Kendrick Lamar, nela o autor faz uma auto analise e destrincha seus medos, paixões, obsessões e fraquezas. Há também uma reflexão sobre os ataques que sofreu vindos da mídia conservadora dos Estados Unidos em decorrência de suas críticas contundentes contra o racismo em seu álbum anterior (To Pimp A Butterfly). O Álbum estabelece curiosos jogos de correspondência entre faixas próximas. Se em“PRIDE.”, Kendrick diz “não posso fingir humildade só porque você é inseguro”, logo em seguida vem “HUMBLE.”, contraponto musical e temático, em que recomenda a rappers e ouvintes que baixem um pouco a bola na vida. De modo geral, DAMN é um trabalho diferente de tudo já apresentado pelo rapper, como se ele movesse sempre adiante e se recusasse a olhar para trás.

Odair José – Gatos e Ratos

Desde o início da sua carreira na década de 1970, Odair José trata com naturalidade assuntos considerados “tabu” em suas crônicas musicais. Em Gatos e Ratos, o cantor e compositor veterano traz mais uma dose de honestidade e reflexões sobre vários aspectos da sociedade brasileira. A faixa título faz referência ao cenário político conturbado em que vivemos atualmente, “Carne Crua” fala de quem vive na marginalidade, Segredos fala sobre a hipocrisia nossa de cada dia, Moral e Imoral debate a descriminação sofrida pela comunidade LGBT. A coragem e a franqueza com que esses assuntos são tratados permeiam todo o álbum e reforçam uma marca registrada do músico que nem sempre teve seu trabalho compreendido, mas nunca deixou de ser fiel ao que acredita.

Pablo Vittar – Vai Passar Mal

Em seu primeiro álbum, a drag queen que conquistou público através de clipes no youtube, traz um bom pop dançante com misturas de ritmos brasileiros e tendências comuns entre as divas estrangeiras. Em K.O e Corpo Sensual, por exemplo, há uma mistura de ritmos bem marcantes como tecnobrega e arrocha com reggae e uma batida eletrônica. As parcerias acrescentam bastante, como a de Rico Dalasam em Todo Dia e a de Mateus Carrilho da Banda Uó em Corpo sensual.  A surpreendente pegada synthpop de “Irregular”, remete a sucessos da dinamarquesa MØ e é mais um dos acertos do disco. A balada ao piano Indestrutível, apesar encaixar melhor se estivesse no meio do álbum ao invés do final, possui versos fortes e evidencia a voz da cantora. Vai passar Mal é uma boa estreia e tem tudo para firmar Pablo Vittar no cenário pop nacional.