O que 2016 deixou

Este foi um ano amargo em vários aspectos, mas a música trouxe momentos de prazer e reflexão. O fim de um 2016 difícil nos deixa alguns lançamentos que nos brindam com esses momentos, aqui estão três deles.

Boogie Naipe – Mano Brown

O principal nome do principal grupo do rap nacional se reinventa no primeiro álbum solo. Depois de anos denunciando as injustiças sociais e as mazelas do Brasil, Mano Brown se entrega ao romantismo e ao ritmo da black music. Boogie Naipe mostra a versatilidade do cantor que ainda representa uma voz das ruas, mas que desta vez, reverenciando os grandes nomes do suingue e do groove nacional e internacional. Entre os destaques estão “Mal de amor” com participação de Kriss e Ellen Oléria, “Mulher Elétrica” e “Flor do Gueto”.

Silva canta Marisa - Silva

Em seu quarto álbum na carreira, Silva introduz o rico repertório de Marisa Monte ao seu universo pop-eletrônico-minimalista desenvolvido ao longo dos seus três discos anteriores. As 12 canções escolhidas ganharam uma roupagem moderna. Eu sei e Não Vá Embora possuem um toque de reggae, Infinito Particular e Ainda lembro destacam a voz do cantor e entram em um clima R&B. Mas o grande destaque é Noturna (Nada de Novo na Noite), primeira parceria de Silva, seu irmão Lucas Silva e Marisa. Um belíssimo dueto com um clima zem, arranjos harmônicos e um refrão-mantra (É só relaxar / É só se entregar / Não se preocupar / É bom pra pensar em nada) que traz sensibilidade e elegância a um dos melhores trabalhos do capixaba.

Brutown - The Baggios

A banda sergipana que já ficou conhecido pelos novos ares que deu ao rock nacional através do Blues, agora avançam ainda mais na experimentação e na sonoridade, além de desenvolverem um olhar crítico sobre acontecimentos recentes. Brutown traz músicas contundentes aliadas à brasilidade e a pluralidade musical dos arranjos. Estigma abre o disco com uma reflexão sobre o perdão, a faixa título, aborda o caos das cidades modernas, tragédias recentes como os atentados na França e o crime ambiental em Marina são retratados em Sangue e Lama.