TDAH: mais um transtorno que interfere na aprendizagem da criança

Seu filho anda com a cabeça no “mundo da lua”? Comete erros por falta de atenção a detalhes? É impaciente, quer tudo “para ontem”? É inquieto? Possui grande ansiedade? Tem dificuldade em aceitar regras? Fique atento! Seu filho pode apresentar TDAH.

Quem já não ouviu a expressão: “Parece que tem prego na cadeira desse menino!”? ou “Parece que tem formiga na cadeira dessa criança!”?

Essa expressão é utilizada quando uma criança não consegue ficar quieta, mesmo quando sentada. Pois bem, crianças com TDAH – Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade - são assim. São agitadas, movem-se sem parar pelo ambiente, mexem em vários objetos, contorcem-se, falam muito, pedem para sair da sala, beber água, tudo isso porque não conseguem ficar paradas. Dessa forma, fica difícil manterem a atenção em atividades longas ou naquelas pelas quais não sintam interesse. Qualquer estímulo externo facilmente as distrai, sem contar que seus próprios pensamentos (estímulo interno) também são motivos de distração.

Nas provas escolares, os erros por distração são visíveis: esquecem sinais de pontuação, erram na matemática trocando, acrescentando sinais; na maioria das vezes, sabem a resposta, mas, devido ao déficit de atenção, cometem esses erros, o que resulta negativamente no desempenho escolar. Durante as aulas muitos alunos que apresentam esse transtorno se dispersam, sendo chamado à atenção pelo professor que muitas vezes brinca, fazendo perguntas: “como está lá na lua”, para dizer que o referido aluno estava na classe apenas de corpo presente, mas seus pensamentos o levaram para o “mundo da lua”. Dessa forma aprendizagem não acontece de forma satisfatória, pois o sujeito faz divagações, perdendo explicações, o que traz como consequência o fracasso escolar.

Essas são características de um transtorno conhecido como TDAH, que só um profissional especializado ou uma equipe multidisciplinar desses profissionais pode diagnosticar.

Mas, então, o que é TDAH?

É um transtorno neurobiológico de “base orgânica”, que está associado a uma disfunção em áreas do córtex cerebral, conhecida como Lobo Pré-Frontal. Quando acontecem dificuldades na concentração, memória, bem como hiperatividade e impulsividade é porque seu funcionamento apresenta-se comprometido, originando o TDAH. Esse transtorno pode ser classificado em três subtipos: TDAH do tipo Predominantemente Desatento; TDAH do tipo Predominantemente Hiperativo-impulsivo; e TDAH do tipo Combinado.

Características do TDAH por subtipo

TDAH tipo Desatento: o indivíduo desvia facilmente a atenção do que está desempenhando; comete erros por prestar pouca atenção a detalhes; apresenta dificuldade de concentração em aulas, leitura; às vezes, parece não ouvir quando é chamado; demonstra dificuldade em seguir instruções, em organizar-se; e mostra problemas de memória a curto prazo.

TDAH tipo Hiperativo/impulsivo: o indivíduo caracteriza-se pela inquietação; faz várias coisas ao mesmo tempo; está sempre a mil por hora; interrompe a fala dos outros; apresenta baixo nível de tolerância; não sabe lidar com frustrações; não suporta esperar; apresenta instabilidade de humor; a comunicação costuma ser compulsiva, ocorrendo com isso respostas inadequadas; mostra dificuldade em seguir regras; rompe com facilidade relacionamentos; tem temperamento explosivo; é instável no que diz respeito a planejamento; e apresenta hipersensibilidade.

TDAH tipo Combinado: o indivíduo deve apresentar seis ou mais características do tipo Desatento e seis ou mais características do tipo Hiperativo/impulsivo.

O diagnóstico pode ser feito com segurança a partir dos 6,7 anos de idade; no entanto, profissionais bem qualificados conseguem diagnosticar o transtorno em crianças a partir dos 4 anos de idade.

Os profissionais habilitados para diagnosticar e medicar são o neuropediatra ou o psiquiatra. Estes, por sua vez, após a avaliação e, dependendo do grau do TDAH, podem prescrever medicamento com o objetivo de melhorar a concentração e a impulsividade. É importante destacar ainda o papel do psicopedagogo e do psicólogo no tratamento de indivíduos com o diagnóstico de TDAH, pois além do tratamento clínico, esses profissionais estão aptos a fazerem as devidas intervenções, de modo a ajudar esses sujeitos a lidarem com as características do TDAH. Desse modo, o indivíduo com esse transtorno aprenderá a controlar seus impulsos e sua atenção será estimulada, contribuindo bastante para melhoria do seu desempenho escolar e em relacionamentos sociais.