Dificuldade em aprender matemática pode ser um distúrbio

Conhecendo a Discalculia

“Qual a causa dessas dificuldades vivenciadas por muitos alunos? Seria simplesmente comodismo ou um distúrbio de aprendizagem chamado discalculia que deve ser levado a sério? ”

Cada vez mais os professores relatam que alguns alunos não compreendem os enunciados de um problema matemático, sentem dificuldade em identificar os símbolos e sinais matemáticos, e outros ainda sentem muita dificuldade em realizar operações matemáticas simples.

A discalculia é uma desordem neurológica específica que afeta a habilidade do sujeito em não só compreender, mas também em manipular números, sendo, portanto, um distúrbio de aprendizagem que interfere de forma negativa nas competências matemáticas. É importante frisar que esse distúrbio não é causado por nenhuma deficiência mental, má escolarização e déficits visuais ou auditivos.

Os professores devem ficar atentos quando seu aluno não conseguir entender conceitos e nomenclaturas matemáticas e apresentar falhas no raciocínio lógico-matemático. Isso deve ser observado já nos primeiros anos em que a criança ingressa na escola, pois pode ser um sinal de uma possível discalculia. Caso tais dificuldades persistam, o docente deve comunicar à coordenação da escola e informar à família, orientando-a a procurar o profissional indicado – o psicopedagogo – para o tratamento da discalculia. Este, por sua vez, fará aplicação de testes para verificar qual subtipo de discalculia a criança possui: verbal, protagnóstica, léxica, ideognóstica, gráfica e operacional. Identificado o subtipo de discalculia da criança, o psicopedagogo traça, então, seu plano psicopedagógico e realiza as devidas intervenções.

Por isso, antes de rotular uma criança, antes de afirmar que ela não aprende matemática por comodismo ou até mesmo por preguiça, deve-se observar se a mesma apresenta sintomas de discalculia, como: problemas em distinguir direita e esquerda; dificuldades no reconhecimento e no uso de símbolos matemáticos; confusão na leitura da direção dos números (12 pode se tornar 21!); confusão persistente no aspecto parecido dos números (6 e 9 ou 3 e 8); dificuldade com tarefas diárias como: ler relógios analógicos; inabilidade em dizer qual de dois números é o maior; dificuldades na leitura de números com mais de um dígito – números com zero dificultam ainda mais (2005,109); incapacidade para montar operações; dificuldade em entender operações matemáticas. Essas são algumas das ocorrências específicas em caso de discalculia que devem ser levadas a sério tanto pelos profissionais da educação que lidam diariamente com a criança, quanto pelos pais e familiares.

A discalculia, assim como os distúrbios de aprendizagem já tratados nesta sessão, se não compreendidos pela escola, nem pela família, pode afetar não só o desempenho cognitivo, mas psicossocial do aprendente, uma vez que este perderá o interesse pelo conhecimento da área, implicando na baixa autoestima e no fracasso escolar.

A Associação Brasileira de Discalculia (ABD) sugere algumas orientações que facilitam o desempenho escolar em matemática de uma criança com discalculia como: adotar o uso de caderno quadriculado; não estipular tempo para as provas; reduzir o número de questão das provas; evitar avaliações orais; reduzir deveres de casa e por fim ministrar algumas aulas livres de erros para que o indivíduo conheça o sucesso.

Consideramos que toda criança deve ser tratada em sua singularidade e o papel dos atores envolvidos na formação desse indivíduo é crucial para seu sucesso ou fracasso escolar. Intervir psicopedagogicamente no processo inicial da aprendizagem de um sujeito aprendente, assegura-lhe um caminhar pelo universo das letras e dos números mais tranquilo e seguro com vistas ao sucesso escolar. Por isso, ao perceber qualquer dificuldade nesse processo, seu filho, no caso dos pais, ou de seu aluno, no caso de professores, procure a ajuda profissional adequada para, assim, facilitar em muito o processo ensino-aprendizagem da criança.