O IDEAL É EVIDENCIAR O QUE PODE E DEVE SER REPARADO

Vamos imaginar que voc? est? realizando um dos maiores sonhos de toda a sua vida. Est? construindo uma casa.  Aquela t?o sonhada e esperada moradia que a sua fam?lia h? muito queria.

Foram anos de sacrif?cio, economizando at? os centavos para juntar o dinheiro do terreno, contratar um arquiteto e iniciar a obra.

No momento toda a estrutura est? pronta. Agora vem a fase mais cr?tica, a do acabamento: piso, pintura, ilumina??o, gesso, portas etc.

A?, voc? comentando com um amigo, esta sua realiza??o, come?a a enumerar os benef?cios dos quais muito em breve usufruir? e, feliz, relata para ele as vantagens de sair de onde est? e morar no que ? seu, diz que a localiza??o ? muito boa, fala da vizinhan?a que ter?, da acessibilidade, da efici?ncia e profissionalismo do arquiteto, dos pedreiros que est?o executando a obra. Fala euf?rico a respeito do jardim, da ?rea do terreno. Enfim, demonstra toda a sua felicidade?

Ent?o, aquele amigo, para quem voc? est? tecendo todas aquelas loas, se convida para dar uma olhada. Ele sentencia magistralmente:

              - Olha, eu gostaria de dar uma olhada, pois voc? sabe, constru??o ? constru??o e eu j? sou traquejado nisso. Portanto, quando voc? for por l? eu quero ir tamb?m, quem sabe eu possa dar-lhe algumas ideias.?.

          Voc?, na melhor das inten?es, leva o cidad?o at? o canteiro da obra.

De longe, ainda antes de chegar, todo entusiasmado ele diz que terreno ? muito bem localizado, e que, pelo tamanho, ? mais do que suficiente para que l? seja plantada uma casa de muito bom gosto? At? a?, voc? contabiliza vantagem.

E, realizado, exclama para voc? mesmo: ?acertei, eu sabia, at? fulano (seu convidado) um homem acostumado a construir, ex?mio conhecedor da nossa cidade, est? elogiando, que bom?.

Mas, quando ele adentra no lote, onde est? sendo erguido o seu pal?cio, exclama em tom de repreens?o: ?Por que esta escada est? colocada aqui? Local de escada n?o ? na frente da casa ela deve ser constru?da na parte posterior do im?vel??. E estes pilares? Meu Deus, quem foi mesmo o arquiteto que fez esta besteira? Como pode, olha o tamanho desta sala; aqui n?o d? nem para a gente fazer um jantar e os amigos tomar uma cervejinha. Tanto espa?o desperdi?ado? E fala disso, condena aquilo, sugere altera?es etc.

E voc? ali, humilhado, entristecido com aqueles ?erros?. Tenta contra-argumentar, pois vendo que nada mais pode alterar, porque o que est? feito at? ali, s?o interven?es imut?veis numa obra: pilares, escadas, vigas e paredes que, se removidas, comprometem toda a estrutura, bem como seria muito desperd?cio de material, m?o-de-obra, tempo e, sobretudo dinheiro. Suado e contado dinheirinho de suas economias de que voc? n?o disp?e mais.

Lamentando voc? imagina: mas que droga! N?s n?o percebemos isso. Realmente n?o contratei os melhores profissionais. Bem que me disseram para eu procurar fulano. Agora vou ter que conviver com isso para o resto da vida?

Para arrematar, seu convidado o chama para um canto para que a os trabalhadores n?o escutem e diz: voc? vai continuar com isso? Olha, na verdade, foi muito bom eu ter vindo aqui. Se voc? quiser, eu falo com fulaninho, meu amigo, este sim um grande profissional, para ele vir aqui e dar uma olhada e ver o que pode ser feito para consertar este estrago que voc?s est?o fazendo na sua propriedade. Garanto que mudar? esta escada para um lugar mais discreto, retirar? estes pilares que est?o enfeando e diminuindo o tamanho de sua sala?

Neste momento, amigo, eu n?o sei com quem voc? est? mais frustrado. Se com a pessoa que desenhou sua casa, se com voc? mesmo, que de bom grado aprovou o projeto ou se com aquele infeliz, seu convidado, que jamais poderia, a esta altura dos acontecimentos, evidenciar tais ?defeitos?, se ? que, de fato, eles existem.

Por?m, se voc? n?o usar de muito equil?brio, nesta hora ligar? imediatamente para aquele corretor que disse ter uma pessoa interessada num im?vel exatamente onde voc? est? construindo? Tamanho ? o seu desespero. E tudo por uma interfer?ncia impensada de uma criatura que se diz querer ajudar e, ao contr?rio, compromete todo o seu prazer e alegria, ?descobrindo?, como se diz por a?, ?pelo em ovo?

Pode at? ser que o tempo apague ou que o seu ponto de estabilidade saiba minimizar os efeitos destrutivos daquelas observa?es descabidas e que voc?, pouco caso fazendo daquilo, usufrua de sua nova morada, como sempre imaginou antes daquela fat?dica e infeliz visita.

          Usei apenas este exemplo, por?m, outros poderiam ser mostrados, pois os ?urubulinos? est?o por a? na busca constante de encontrar carni?a, defeitos insol?veis e evidenciar falhas que, por mais que queiramos, j? n?o teriam mais consertos.

A eles devemos pedir, em tom de s?plicas: por favor, sejam generosos, n?o evidenciem os defeitos que n?o podem mais ser reparados ou que j? conhecemos e sabemos possuidores, pois tudo que, de alguma forma, for irrevers?vel, se ratificado por outro, s? aumentar? o nosso sofrimento. Ao demonstr?-los estar?o apenas magoando, tocando numa ferida incur?vel, fazendo-a sangrar muito mais.

Sejam caridosos. Se existe alguma coisa poss?vel de conserto, avisos, advert?ncias, orienta?es, sugest?es s?o muito oportunas e bem aceitas. Mas sobre o que est? consumado, silenciar ? o melhor. Portanto deixem que vivamos na nossa ?mentira?. ? menos traum?tico. Procurem algo que realmente mere?a ser mostrado e, se quiserem se manifestem. Se n?o quiserem, o sil?ncio, nestas horas ? o melhor rem?dio

?Prefiro uma mentira que me

favore?a a uma verdade

que me prejudique?

Prov?rbio Escoc?s

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