Vamos falar sobre a síndrome de Tourette?

Você já deve ter se emocionado com a música “Someone You Loved”, do cantor escocês Lewis Capaldi, que começou a apresentar alguns comportamentos involuntários no corpo e na voz, instrumento de seu trabalho e de sua arte. Em setembro de 2022, o cantor recebeu o diagnóstico de Síndrome de Tourette. Seus fãs tiveram conhecimento desse diagnóstico e, em uma turnê, o cantor teve uma crise de espasmos e ruídos involuntários durante o show. O público ajudou-o a finalizar a música, tornando o show em um momento de empatia, comoção, emoção e solidariedade.

Mas o que é a síndrome de Tourette e quais os sintomas?

A síndrome de Tourette é um transtorno neuropsiquiátrico, causado por alterações genéticas, sendo também possivelmente hereditário, caracterizado por tiques motores e vocais, reações rápidas, espasmos ou vocalizações que ocorrem repetida e involuntariamente, que dificultam a socialização e a qualidade de vida do indivíduo. Esses tiques surgem, normalmente na infância e antes dos 18 anos. Além de movimentos involuntários do corpo e produzir sons ou tiques vocais, também são sintomas da síndrome de Tourette: vontade intensa de fazer sons ou movimentos específicos como o corpo, o que gera ansiedade e desconforto; e sensação de alívio após realizar sons ou movimentos específicos. Os tiques motores podem se apresentar da seguinte forma: tocar no nariz, piscar os olhos com frequência, inclinar a cabeça, fazer caretas, chutar, sacudir o pescoço, realizar gestos obscenos; encolher os ombros, bater no peito.  Já os tiques vocais podem incluir: uivar, grunhir, gemer, gritar, xingar, soluçar, usar diferentes tons de voz, cacarejar, repetir frases ou palavras.

Em caso de suspeita da síndrome de Tourette, recomenda-se procurar o neurologista, para adultos, e o neuropediatra, caso seja uma criança. Esse especialista vai avaliar o quadro, provavelmente, pedir alguns exames específicos para descartar outro tipo de doença ou síndrome, para fornecer o diagnóstico e bases do tratamento.

Embora seja uma desordem que não tem cura, há tratamentos específicos que podem controlar os sintomas, como a psicoterapia comportamental, por meio da qual o paciente aprende a monitorar as sensações, que preveem os tiques, e a responder com uma reação voluntária oposta. Além da psicoterapia, aplica-se também a farmacoterapia, em que são utilizados medicamentos antipsicóticos que diminuem a intensidade dos tiques. Outras atividades, como prática de esportes, ioga e meditação, podem contribuir para amenizar os sintomas.

No ambiente escolar, professores, equipe pedagógica e demais servidores precisam estar informados sobre o caráter incontrolável da síndrome de Tourette, pois, assim, é possível evitar a repreensão da criança, o que pode desencadear consequências negativas para ela, como a perda de interesse em ir à escola, por exemplo. Já os professores podem desenvolver estratégias de aula que favoreçam o desenvolvimento das atividades escolares pelo estudante portador da síndrome.

Desse modo, é importante salientar que, ao notar que seu filho ou sua filha apresenta recorrência de movimentos involuntários e tiques motores e vocais, deve-se procurar imediatamente o médico, pois, com o tratamento precoce, a pessoa com o transtorno poderá ter uma qualidade de vida melhor. Ressalta-se ainda que é necessário levar informação sobre as condições e sintomas da síndrome de Tourette a pais, familiares, bem como a colegas de classe e demais pessoas que convivem com a pessoa portadora da síndrome, e promover a tolerância, pois ainda é o melhor caminho para tornar mais leve a socialização desse indivíduo.

Então, se você conhece alguém com suspeita dessa síndrome, não deixe para alertar depois a necessidade de consultar o neurologista ou neuropediatra, pois, quanto mais cedo for a intervenção, maior e melhor será a qualidade de vida da pessoa com a síndrome de Tourette.