I T A B A I A N A (Berço Cultural do Brasil)


            Itabaiana é, sem dúvida alguma, um berço cultural a ser explorado, caracterizado, sobretudo, pelas ações e manifestações populares encontradas nos quatro cantos do município. Essas manifestações se apresentam em sua forma de falar, de andar, de se comportar, de vestir, de trabalhar, de empreender e de viver, associada aos costumes e gostos ligados à culinária tipicamente itabaianense, existentes há séculos em nosso cotidiano, numa demonstração clara de que somos de fato e de direito, um berço natural de cultura, onde crenças, costumes e tradições, estão intrinsecamente ligados aos atos de cada cidadão dessa terra.


         Nesse contexto, em que pese a não preservação arquitetônica material, que poderia ser encontrada em prédios, objetos e artefatos históricos, Itabaiana têm se destacado no campo das manifestações culturais, através dos atos individuais ou coletivos de sua gente, desde os registros dos primeiros povos aqui existentes. Cultuar o sol, a lua e as estrelas, é um costume indígena que era praticado em cima da Serra. Evocar Santo Antônio e acompanhar sua procissão, é uma tradição itabaianense que dura séculos. A trezena dos caminhoneiros, iniciada em 1975, foi a sequência das novenas de motoristas realizadas a partir de 1958, assim como a famosa Feira do Caminhão que iniciou em 1992. Fazer compras na feira, é um costume do povo itabaianense desde o século XIX. Dividir-se entre duas vertentes políticas, é uma prática comum em Itabaiana desde sua emancipação política em 1698. Pagar tudo à vista e não comprar nada fiado, é uma tradição eminentemente itabaianense.  Comprar barato para vender mais que os outros, é uma prática comum para quem quer melhorar de vida. Trabalhar é prosperar, não é ambição, mas sim, a convicção do que somos capazes no campo do empreendedorismo. O gosto por comidas típicas, é um costume antigo e mantido pelos itabaianenses, sendo este setor, o que mais exemplos podemos citar como manifestações culturais.


          Neste sentido, inúmeras são as pessoas e até famílias inteiras, que se destacam e se caracterizam no campo da cultura em geral, ao praticarem e preservarem crenças, costumes e tradições herdadas dos seus antepassados, a exemplo: das doceiras da Sambaíba e da Matapoã, das paneleiras do Bairro São Cristóvão, das vendedoras de vísceras da Rua Itaporanga, das lavadeiras de batata doce do interior, das quebradeiras de castanha do Carrilho, das mexedeiras de farinha, dos vendedores de tecidos, dos caminhoneiros, dos vendedores de charque e dos fabricantes de pé de moleque. Este último, um capítulo à parte nessa história.


          Pois bem. Quem vai à feira de Itabaiana, encontra, entre os diversos sabores típicos de guloseimas, os saborosos pé de moleque, feitos com massa de mandioca (puba), coco, açúcar e cravo, assados sob a palha de bananeira. É uma receita árabe do Brasil Colônia e muito bem absorvida por várias famílias itabaianenses, entre as quais, os Alves dos Santos, capitaneada atualmente pelo professor e ativista cultural João Alves dos Santos (João Patola), que herdou de seus pais a tradição de fazer pé de moleque. Na verdade, é uma tradição que já dura duzentos anos na família, iniciada por seus bisavós, seguida pelos avós mantida por seus pais, Capitulino Alves dos Santos e Josefa Alves dos Santos (Zefinha de Capitulino), conhecidos em Itabaiana, entre outras virtudes, pelo comércio de charque, pois quem quisesse comprar o melhor produto, era só passar na banca dos Capitulino e estava tudo resolvido.


          Com relação aos famosos pé de moleque de João Patola, que anualmente são fabricados no período junino, na antiga casa da família no Bairro Porto e distribuídos a população, tem na sua receita, um toque especial e refinado, tanto de João Patola quanto de sua esposa Cristina e familiares, além dos demais colaboradores,  para que tudo saia a contento, como sempre. Aliás, o toque refinado de João Patola, não é somente na confecção dos seus famosos pé de moleque, mas também na centenária farofa de jabá que só ele sabe fazer, no bolachão de 26 metros oferecido aos caminhoneiros e, principalmente, nos tão cobiçados bolachoes de canela produzidos na panificação Bola de Ouro, de sua propriedade, internacionalmente conhecidos por seu sabor inconfundível.


         Tradições como essas, tão bem preservadas pelo povo de Itabaiana, faz com que nosso município se caracterize como berço cultural, não somente de Sergipe, mas principalmente do Brasil, visto que a primeira instituição musical brasileira, a Filarmônica Nossa Senhora da Conceição, foi criada em Itabaiana no ano de 1745. Portanto, viva os pé de moleque, viva a cultura popular e viva Itabaiana, berço cultural do Brasil!