Confraria Sancristovense de História e Memória

      A história de São Cristóvão remonta ao século XVI, precisamente ao ano de 1590, quando, por aqui, aportou o militar português Cristóvão de Barros, filho de Antônio Cardoso de Barros, aquele que foi devorado pelos índios caetés, num banquete canibal, assim como o bispo D. Pero Fernandes Sardinha, no dia 16 de junho de 1556, na foz do rio Coruripe, em Alagoas.

      Vivíamos, então, a conhecida União Ibérica de 1580 a 1640, uma união dinástica que juntava as duas coroas: Portugal e Espanha, sob o reinado de Felipe II.

      São Cristóvão, a quarta cidade mais antiga do Brasil e primeira capital sergipana, também denominada de “Cidade Mãe de Sergipe”, tem testemunhado muita história durante estes 431 anos.

      No século XVII, com a chegada dos padres jesuítas, começaram a ser instaladas as irmandades e as ordens nos moldes das organizações religiosas da Europa.     

      Essas ordens e irmandades subordinavam-se institucional e espiritualmente a uma ordem religiosa e estavam sediadas em São Cristóvão, eram as veneráveis ordens terceiras e as irmandades:

1. Irmandade do Santíssimo Sacramento, 2. Irmandade dos Homens Pretos do Rosário, 3. Irmandade dos homens Pardos do Amparo, 4. Ordem Terceira de Nossa Senhora do Monte do Carmo e 5. Ordem Terceira de São Francisco de Assis.     

      A partir do século XVIII, as irmandades passaram a ser reguladas pelas Constituições Primeiras do Arcebispado da Bahia, resultando no sínodo diocesano.     

      D. Pedro II esteve por aqui em 1860.

Praça São Francisco - São Cristóvão-SE

Praça São Francisco - São Cristóvão-SE

      Em São Cristóvão, a Praça São Francisco ostenta o reconhecimento de Patrimônio Cultural da Humanidade.     

      A cidade é muito rica em patrimônios dessa natureza. Um verdadeiro memorial a céu aberto.     

     No entanto, há muita dificuldade em mostrar, com clareza, essas riquezas. Lamentavelmente, muito se perde pela carência de cuidados e por extravio de registros.     

    Quiçá uma herança oriunda de tempos imemoriais que se estende até a presente data, ou seja, continuamos a cuidar, muito mal, da nossa história e da nossa memória, o que faz com que pouco sobre para a reconstrução do passado, para prospectar o futuro.      

      Foi com o fito em melhorar esse procedimento, que um grupo de pesquisadores de São Cristóvão resolveu criar uma organização que pudesse contribuir para operacionalização desse processo, usando critérios modernos, pesquisas, guarda e preservação de tais conteúdos.     

      Ideia que surge num momento adequado, quando se comemora 200 anos de emancipação política do estado, 314 anos da construção da Praça São Francisco e 11 anos da chancela como patrimônio cultural da humanidade.     

      A Confraria Sancristovense vem num formato de Associação Cultural com as prerrogativas de um grupo de estudos e pesquisas com a finalidade de socializar, propagar e registrar as memórias e acontecimentos que marcaram o cotidiano da gente sancristovense.

      Suas representações simbólicas são: a Capa, em estilo medieval, usadas pelos confrades, o brasão, a bandeira e as flamulas, trazendo em cores que, por si só, já se identificam com a história da “Cidade Mãe de Sergipe”.     

      A identidade da Confraria tem como base: o preto, o roxo e o vermelho.    

    O Preto, predominante nas vestes dos confrades, representa a seriedade e a pompa que identifica o membro da Ordem.     

    O Roxo ou Púrpura da bandeira tem sua origem na história antiga. Era a cor usada pelos magistrados romanos, pelos governantes do Império Bizantino, do Sacro Império Romano e, mais tarde, usada pelos bispos da Igreja católica.

     Para a Confraria, o roxo remete a uma tradição de devoção e fé, a cor usada pelo Senhor dos Passos e por Nossa Senhora das Dores. Para os confrades, no entanto, não representa o sofrimento, mas a alegria da persignação reflexiva rumo ao silêncio produtivo.   

     A cor Vermelha, estampada na fênix, ave símbolo do do brasão da cidade de São Cristóvão e que, segundo a mitologia grega, quando morria, entrava em autocombustão e, passado algum tempo, ressurgia das próprias cinzas e se transformava numa ave de fogo, aqui em São Cristóvão, representa a reconstrução da cidade que teve de mudar de local de sua fundação, quando da destruição operada pelos holandeses, a Cidade de São Cristóvão também ressurgiu das cinzas e está sempre em processo de reconstrução.     

      Nesse contexto, cheio de representatividade e simbolismo, nasce, a Confraria Sancristovense de História e Memória.

      Ela será o Norte, a régua e o compasso para ir buscar estas informações que hoje estão dispersas, esquecidas nas bibliotecas, sepultadas nos porões dos arquivos mortos, das Igrejas e dos Museus, verdadeiros cemitérios de Livros, documentos, histórias e memórias, sendo consumidas, aos poucos, pelos vermes do tempo e da nossa apatia com as nossas raízes.     

      Mas, não somente ir a busca destes tesouros de conhecimento, legado por esta gente laboriosa de São Cristóvão, desde tempos imemoriais.     

      Mas, também, organizar e socializar este conhecimento às gerações presentes e futuras, diretamente nas escolas, terreno próprio e fértil para semear sabedoria e conhecimento.     

      Conhecimento que elevará a autoestima, despertará sentimentos de cidadania e dará orgulho de pertencimento e a este povo bom da terra de João Bebe água.     

      Trazemos, portanto, duas datas: 1590, da fundação da cidade pelo português Cristóvão de Barros e 30 de julho de 2021, data da fundação da Ordem: Confraria Sancristovense de História e Memória.     

      Aos confrades fundadores muito trabalho, muitas pesquisas, muitas realizações também.     

      A Confraria que ora nasce, vida longa, que a sua existência transponha a de todos nós e se projete, sempre fazendo a diferença, pelos eternos tempos de Deus.

Vista da Praça São Francisco - São Cristóvão-SE

Vista da Praça São Francisco - São Cristóvão-SE