Amigos Sinceros

      A gratificante condição de escritor, me possibilitou, além de viajar pelos caminhos da história, do conhecimento, da poesia e da cultura, pesquisando, publicando, sendo premiado e contribuindo por meio da literatura, para um melhor desenvolvimento moral e social de todos; também, me possibilitou a oportunidade de conhecer pessoas que jamais imaginei, de fazer amizades e, destas, uma relação, não somente entre amigos fraternais, mas algo tão profundo e verdadeiro, que passamos a nos ver como parentes, integrantes de uma mesma família.         

      No decorrer dessa trajetória literária, cada contato, cada encontro, cada aperto de mão, cada abraço, cada livro autografado, cada diálogo com cada novo amigo a cada dia, aumentava consideravelmente o número desses amigos, não apenas em números, mas principalmente em qualidade moral, espalhados, a partir de Itabaiana, por todo o Estado de Sergipe, pelos sertões do Nordeste, pelo Brasil e por este mundo afora. Amigos leais, dignos, honrados e verdadeiros. Amigos idosos, que muitas vezes em meio as tantas dificuldades, até para andar, tem ido ao nosso encontro nos ouvir e nos prestigiar a cada lançamento de um livro. Amigos crianças, que na simplicidade de sua inocência, demonstram mesmo é sabedoria e interesse pelo conhecimento. Amigos de todas as classes que nos acompanham, que nos leem, nos incentivam e nos orientam com a sua sapiência. Amigos de todos os sexos, credos, crenças, cores, costumes e tradições, que nos seguem e nos possibilitam continuar este grandioso trabalho literário, de resgate da história de uma terra, de um povo.         

      Citar os nomes de todos esses valorosos companheiros de jornada e diletos amigos e amigas, espalhados por todos os cantos e recantos deste país e até do exterior, é impossível. Entretanto, onde quer que vocês estejam, cá estou eu a lembrar que vocês existem, assim como vocês estão a lembrar de mim, mesmo afastados pelos limites da distância ou, por conta das atuais circunstâncias que nos fazem permanecer distantes, sem, contudo, nos esquecer. Circunstâncias estas que, infelizmente, também fizeram alguns desses intrépidos amigos perderem suas vidas.

      Neste sentido e em consideração a essa amizade recíproca, ao carinho de vocês por nosso trabalho literário, expresso o meu mais profundo sentimento de pesar, em virtude do falecimento de todos aqueles amigos e amigas, que intrinsecamente fizeram parte do nosso harmonioso convívio social, histórico e cultural, como células de uma mesma espécie, de uma mesma família. Aos que se foram, expresso minha gratidão e homenagem a todos, citando como exemplo de sincera amizade, os eternos amigos: Euclides Oliveira Santos e José Elicio de Oliveira, que nos deixaram recentemente.

“Seu Euclides, como era conhecido, um ilustre lagartense, jornalista, escritor e contista, que tive a satisfação de conhecer, através dos amigos Ribeiro e Saracura. Tanto eu lia seus escritos, quanto ele lia os meus, inclusive, tendo todos os meus livros publicados em sua coleção. Assíduo frequentador das sessões da Academia Itabaianense de Letras, sentava sempre ao meu lado, onde proseavamos e contávamos as mais diversificadas histórias de Trancoso, como as vividas por ele enquanto esteve ocupando o cargo de Chefe de Gabinete do Palácio Olímpio Campos por quase trinta anos. Seu Euclides, além de ser um grande ativista cultural, descobriu, em tempo, a sua capacidade de encenar e participar como ator fotográfico de um trabalho de minha autoria.”

“José Elicio de Oliveira, Zé Elicio da Moita, como era conhecido, nasceu em Moita Bonita, quando ainda pertencia a Itabaiana. Apaixonado pela arte da cultura popular, era escritor, músico, cordelista, sanfoneiro, compositor e um ativista cultural de primeira grandeza, tanto na terra, quanto no universo celestial. Me tornei seu admirador e, ele, um dos meus mais sensato incentivador. Sempre aos domingos, o visitava em sua loja de material escolar em Moita Bonita, onde conversávamos, discutíamos cultura, tocava sanfona, pifano, íamos ao seu sítio e a cada domingo, lá estava eu novamente. Cidadão humilde, honesto e conhecedor profundo de tudo que se possa imaginar, no Brasil e até no exterior. Um dos seus escritos, publiquei em um dos meus livros, por reconhecer a importância do seu trabalho literário, histórico e cultural. ”

Seu Euclides e seu Zé Elicio nos deixaram, assim como deixaram um legado de trabalho, honradez, inteligência e dignidade perante a sociedade. Pessoas com quem muito aprendi, assim como tantos outros tiveram o privilégio de tê-los conhecido e aprendido pelas vias da razão e do conhecimento que ofereciam,  assim como do respeito que eles dedicavam a cada cidadão. Seu Euclides e seu Zé Elicio, duas enciclopédias que permanecerão vivas a nos ensinar. A vida cessa,  mas deixa a lição de que tudo vale a pena, se seguirmos os exemplos demonstrados em vida, pelos saudosos e eternos amigos, Euclides Oliveira Santos e José Elicio de Oliveira. Dois amigos sinceros! Dois honrados cidadãos! Sempre lembrados por tudo de bom que fizeram! Eternas saudades!