Em “CINCO”, Silva está mais pop do que nunca
Silva faz questão de deixar claro que cinco é um número especial em sua vida, não atoa, este é o título do seu quinto álbum de inéditas. O mais novo lançamento do músico capixaba nasce como fruto da maturidade alcançada ao longo de oito anos de carreira e como um ponto de equilíbrio alcançado na transição de um artista indie para um nome prestigiado do pop nacional.
“Cinco” traz uma boa galeria de ritmos e referências, passando pelo ska, reggae, soul-funk, jazz e uma variante de vertentes do samba que vão da bossa-nova ao pagode. Mas o que mais impressiona nessa mistura é a harmonia com que todos esses elementos se encontram e se revezam ao longo das 14 faixas. O resultado é um álbum extremamente brasileiro, ainda mais que o antecessor (não por acaso chamado de “Brasileiro”), lançado em 2018.
Outra qualidade que reflete a evolução da carreira de Silva é o pop de excelência que é desenvolvido na obra. Aliando a produção do próprio Lúcio Silva com as composições dele em parceria com o irmão Lucas Silva. É um som sem exageros, sem muito alarde, que parece feito sob medida para esses tempos insanos, traz calma, leveza, a sensação de um dia ensolarado, o vento batendo no rosto e uma boa companhia.
Vale destacar o delicioso ska do primeiro single, “Passou Passou”; o refrão contagiante de “Sorriso de Agogô”; o romantismo de “Facinho”, com a acertada participação de Anitta, os momentos mais intimistas de “Pausa para a Solidão” e “Você”; O piano de João Donato em “Quem disse”, O ‘sambão’ de “Soprou” com a participação de Criolo e o pagode marcado pelo cavaquinho, a cuíca e o violão de Pretinho da Serrinha em “Má Situação”.
Cinco é, sem dúvida, o melhor trabalho de Silva até aqui e um som que traz um frescor para o pop nacional reafirmando a posição do jovem cantor e compositor como um expoente da nova MPB.