O livro vai acabar

“Nunca um especialista criou algo duradouro nem embasou uma nação. Mas o escritor sim”. (Geraldo Melo Mourão).

       Dia 1º de março de 2020, na cidade de Pão de Açúcar, Alagoas, durante a sessão de instalação do Café Poético e Filosófico, houve valiosas manifestações por parte dos presentes. Gostaria de pontuar uma delas, foi feita pelo Secretário de Cultura e Turismo, daquela cidade, Dr. Johann Magnus Almeida de Souza, ele questionou: “O livro impresso, vai de fato, desaparecer?”

        Na oportunidade, não houve como debater a questão por óbvia falta de tempo. Creio tratar-se de uma questão de muita importância neste momento de tantas e substanciais mudanças.

       Por essa razão, tentarei aqui, nas páginas de “Anova Revista”, refletir um pouco sobre a sobrevida deste formato de livro que, há cinco séculos, desde a invenção da imprensa em 1455 pelo gráfico do Sacro Império Romano–Germânico, Johannes Gutenberg, nos acompanha.

        Certamente que esta modalidade códice de capa e páginas sequenciais em papel vai ser substituída, e isso já está acontecendo, graças ao avanço tecnológico, com os audiolivros, vídeo-livro, livro eletrônico (e-book), etc. Quem tem menos de trinta anos já nasceu com a tecnologia e até se acostumou. Nós, os cinquentões, sessentões e setentões, por mais amor que tenhamos ao nosso velho livro brochura, teremos grande dificuldade em impô-lo a essas gerações, que nos sucedem. Não vai ser possível.

        Mas, atenção!

     O que está mudando é, apenas, o modo como a (IDEIA LIVRO) é veiculada. O LIVRO nunca vai acabar.  Por ser uma ideia, jamais desaparecerá.

        Mudarão, como têm mudado ao longo da história, os hospedeiros, a plataforma onde são expostos os textos que formam o livro.

        O que está acontecendo é um processo de evolução natural. Nos primórdios da humanidade, escrevíamos em paredes de cavernas, em pedras, em tabletes de argila, em papiros, em pergaminho e, por fim, em papel.

        Vai ser muito difícil prever qual o tipo de mídia que veiculará a ideia escrita daqui vinte, trinta ou cinquenta anos.

        Certamente, não serão mais as nossas velhas brochuras de papel, que ainda resistem e nem o livro digital, que chega voraz, talvez. Outros materiais e outras formas de fazer, servirão a esta tarefa sagrada de transmitir o pensamento do momento e os conhecimentos acumulados para gerações futuras.

         Só podemos assegurar, sem medo de errar, que o CONHECIMENTO continuará sendo gravado e distribuído. Mesmo porque somente no registro e na socialização deste conhecimento é que a máquina do tempo se move rumo ao futuro, dandonos a possibilidade de mensurar o valor da informação, os avanços e retrocessos da humanidade. E outra certeza persistirá: O ESCRITOR, atento ao comportamento, aos fatos e às mudanças, continuará sendo essencial na comunicação entre os tempos e às nações, conforme disse o meu conterrâneo de Ipueiras no Ceará, Geraldo Melo Mourão, que sacramentou esta ideia sobre o escritor: “Nunca um especialista criou algo duradouro nem embasou uma nação. Mas o escritor sim”.