A raiva cega

    Deveria constituir obrigação universal do homem saber e usar os meios existentes para resolver as disputas e os embates do dia a dia. Aliás, deveria ser obrigação de todos nós, enquanto agentes da vida, tudo fazer para administrar o conflito, o estresse, a raiva. São, inclusive, puníveis tais atitudes que, voluntária ou involuntariamente, levam-nos a gerar no outro qualquer tipo de dano. A maneira pacífica de agir é aquela esperada por todos. Miseravelmente não é assim que acontece. Mesmo ao arrepio da lei e da ordem. O resultado está aí. Na nossa cara. A disputa, por que mesmo? O embate, pra que mesmo? O estresse, o desespero, as agressões injustificáveis, ou não, nos levam para onde mesmo? À desgraça, quase sempre. A desventura de praticarmos impensadamente certas ações traz prejuízos irreparáveis. Momentos de raiva nos transportam e nos obrigam a agir e, agir irrefletidamente. De repente e pronto, está feito. Às vezes irreparável, mas já foi cometido, não há como voltar atrás. “A raiva cega” é um jargão bastante conhecido. Quantas desgraças acontecem simplesmente por não termos o devido controle num momento de muita ira? Imaginemos o nível de desequilíbrio que permeia certos ambientes, às vezes familiares, e acontecem as agressões, os homicídios, os infanticídios, os feminicídios.  Porém, somente a título de exemplo, vamos imaginar que naquele momento aparecesse uma luz, num segundo sequer de lucidez, e um dos dois tivesse o poder de gerenciar a situação dizendo simplesmente: calma, vamos pensar? e pensasse mesmo. Mas, sabemos que é difícil isso acontecer, a soberba impera, o desequilíbrio predomina e fica muito difícil encontrar a sensatez. Pensemos todos: como é que administramos os nossos conflitos, os nossos estresses, as nossas iras, os nossos desequilíbrios? Aliás, ideal mesmo era não chegarmos a eles, sabia? Pense nisso e, se achar interessante, aprenda a gerenciá-los, antes que aconteça. Uma boa dose de calma, conversar, baixar um pouco a voz, contar até dez, parar, refletir… São sempre os melhores remédios. Afinal, tudo passa.