Motivação: chave indispensável no processo ensino-aprendizagem

    Inteligência, incentivo, motivação e, na perspectiva de alguns autores, hereditariedade são variáveis fundamentais envolvidas no processo ensino-aprendizagem. A ausência de uma dessas variáveis, em especial da motivação, pode comprometer, em grau maior ou menor, a aprendizagem do educando. O indivíduo motivado apresenta comportamento ativo e empenhado no processo de aprendizagem, assumindo postura de sujeito-autor de suas produções.

   Há dois tipos de motivação que merecem ser destacadas: a motivação intrínseca, relacionada às questões pessoais do aluno como cognição, vontade, habilidades psicomotoras e afetivas; a motivação extrínseca relaciona-se a tudo e a todos que compõem o ambiente escolar, portanto liga-se aos estímulos externos ao indivíduo. Considerando que a motivação envolve fenômenos emocionais, biológicos e sociais, professores e coordenadores pedagógicos precisam lançar um olhar interessado para o educando, a fim de compreender suas necessidades de aprendizagem e, consequentemente, de criar um ambiente que estimule, provoque, mexa com a vontade, motive esse sujeito e faça-o sentir-se interessante, importante.      

       Nessa perspectiva, o professor detém papel relevante, já que precisa buscar caminhos e estudar meios de tornar suas aulas atrativas e condizentes com a realidade dos alunos. Nesse caso, é preciso descartar atividades enfadonhas, rotineiras, descontextualizadas, destituídas de significação e sem apelo à motivação. Esse tipo de atividade, numa atitude, quiçá, involuntária do docente, não leva em consideração os “desejos” dos aprendentes e ainda não respeita o que Vygotsky denominou de zona de desenvolvimento proximal (ZDP) do indivíduo, definida como sendo a distância entre o que a criança consegue fazer de forma independente e o que ela consegue realizar, porém, de forma assistida ou com o auxílio de um adulto ou de uma criança em nível mais avançado. Por esse caminho metodológico, os conteúdos tendem a ser assimilados com mais dificuldades pelo estudante.       

      Por outro lado, professores que cursam o caminho de valorização do sujeito aprendente, atentos ao que este aprendeu e ao que ainda precisa aprender, e que se dispõem a criar um ambiente propício a uma aprendizagem significativa e efetiva, tendem a observar não somente maior facilidade de assimilação dos conteúdos (habilidade cognitiva), mas também o desenvolvimento de habilidades psicomotoras, afetivas e sociais. Com isso, é de suma importância que o professor seja perspicaz e lance um olhar interessado para seus alunos, a fim de captar suas necessidades. Para isso, é preciso utilizar métodos variados e recursos didáticos diversificados para atrair a atenção dos alunos, mexendo com sua vontade, envolvendo-os em seu próprio processo de aprendizagem, de modo que se sintam protagonistas do ato aprender, sintam o aflorar de sua curiosidade e, por fim, sintam-se motivados a alcançar, em cada atividade, os objetivos propostos e conhecidos por eles.    

     Acerca desse assunto, Vygotsky (2003) postula que o pensamento propriamente dito é produto da motivação, isto é, de nossos desejos, necessidades, interesses e emoções, elementos formadores da base afetivo-volutiva. Nos estudos sobre o processo de aprendizagem, destaca-se a vontade como função psicológica superior que potencializa as demais. Logo, motivação e vontade, parte da base afetivo-volutiva, devem ser levadas em conta ao se planejarem atividades para os educandos.    

    O referido autor defende a indivisibilidade entre as dimensões afetiva e cognitiva, portanto, não seria válido estudar as dificuldades de aprendizagem sem considerar os aspectos afetivos, dentro dos quais se situa a motivação. Desse modo, no planejamento e desenvolvimento de atividades de sala de aula, é imprescindível fazer uma análise do contexto emocional, das relações afetivas e da forma como o sujeito se situa no mundo. Em outras palavras, é indispensável primeiro determinar o universo de cada aluno nos seus diferentes aspectos para só, então, planejar uma ação pedagógica, que não se limite somente a realizar tarefas cognitivas sem levar em consideração o indivíduo como um todo.

   Portanto, é importante frisar que, para que tenha sucesso em relação à aprendizagem de seus discentes, a escola deve concentrar esforços em situações de motivação desses sujeitos, envolvendo-os em atividades desafiadoras, estimulantes, cujos aprendizados cumulativos deem-lhes base para a aquisição de novos conhecimentos progressivamente. Tais atividades estimulam e ativam recursos cognitivos, pois a motivação é essencial no processo de ensino-aprendizagem.