Método Fônico: Muito além do beabá

     O método fônico é o sistema de alfabetização que relaciona fonemas e grafemas e consiste em ensinar os sons da primeira letra de cada palavra para que, em seguida, o aprendente possa ir construindo a pronúncia completa do vocábulo, feito a partir da mistura de cada som, dando possibilidade para que o sujeito leia toda e qualquer palavra.

     Contrapondo-se ao método convencional de alfabetização, que ressalta o ensino mecânico das letras, apresentando-as de forma solta, desconexa, sem ter um sentido, o método fônico possibilita que o ensinante desperte, em seus aprendentes, a consciência fonêmica de forma efetiva. Esta, por sua vez, refere-se à habilidade de, conscientemente, manipular sons individuais, ou fonemas, que compõem uma palavra, podendo ainda detectar, misturar ou segmentar sons isolados em vocábulos. Estudos mostram que a primeira característica que distingue a maioria das crianças que fracassam ao aprender a ler é a baixa habilidade metafonêmica e a discriminação fonológica, e isso o método fônico trabalha de forma sistemática e eficaz. Para a aplicação de método fônico em sala de aula deve-se ter como suportes materiais didáticos diferenciados como: alfabetos móveis, letras, textos desenvolvidos por critérios semânticos e material estruturado com fichas de listas de palavras.

     O estudo por meio do método fônico começa pelas vogais, em seguida ensinam-se as consoantes. Cada grafema é entendido como um fonema, a fim de ficar claro para a criança que a junção com outro fonema formará sílabas e palavras. Com a evolução, o ensinante vai inserindo vocábulos mais complexos, com dígrafos, diferenças entre “z” e “s”, entre outras particularidades da língua portuguesa. É importante frisar que se devem revisar as combinações já aprendidas, ampliando, com isso, a capacidade leitora do aluno de forma gradativa. Porém, a maioria das escolas brasileiras não privilegia o ensino da relação entre o som (fonema) e a letra (grafema), o que compromete uma alfabetização de grande parte dos alunos, os quais passam a não sentirem desejo de aprender a ler ou escrever, negando-se, em alguns casos, a frequentar a escola por não entender e não adentrar no mundo fascinante da leitura.

     A aplicação de método fônico em sala de aula deve ter materiais didáticos diferenciados como suporte, conforme já mencionado. No dia 11 de abril de 2019, foi publicada uma minuta de decreto elaborado pelo MEC que orienta que a alfabetização no país deverá priorizar o chamado método fônico. Segundo a proposta, um dos objetivos é fundamentar programas e ações a partir de cinco pilares: consciência fonêmica, instrução fônica sistemática, fluência em leitura oral, vocabulário e compreensão de texto. Usando os procedimentos e programas de forma correta, o alfabetizador perceberá que o sujeito vai construindo seu próprio vocabulário e pronúncia, iniciando do mais simples ao mais complexos.

     É importante destacar que, nesse decreto, a família é incluída como um dos “agentes do processo de alfabetização”, o que é lícito, já que sua participação nesse processo é de fundamental importância, pois é a primeira instituição que faz parte da vida da criança e é o agente fundamental de socialização que ocupa um lugar para toda a vida.

     É possível, a partir do exposto, surgir o seguinte questionamento: por que o sistema de ensino brasileiro não adere e adota o método fônico de alfabetização, bastante salutar e eficaz no processo de aprendizagem do sujeito? Uns alegam como impedimento a falta de recursos; outros criticam o método por considerá-lo um retrocesso e por ignorar que a língua é uma construção social, o que não procede, pois aprende-se a decodificar, depois aprende-se ler de forma consciente a partir da relação grafema/fonema. A aplicação desse método não fragmenta a aprendizagem da língua nem tão pouco sua construção social.

     Portanto, o método fônico não é nada mecânico. Diferencia-se justamente pelo caráter lúdico o que torna o ato de aprender mais agradável e atrativo. As crianças são alfabetizadas num período de quatro a seis meses, quando passam a ler textos cada vez mais complexos e variados. Além disso, torna-se mais eficaz ainda no processo de compreensão e de produção de textos, porque, de modo sistemático e lúdico, favorece a autonomia de leitura e fortalece o raciocínio e a inteligência verbal do aprendente.